Para pensar...

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

domingo, 22 de novembro de 2015

Por quê a França?

Atacar a França é simbólico. Tão simbólico quanto atacar os Estados Unidos. Mas hoje, atacar os Estados Unidos é quase impossível. Por mais duras que sejam as críticas ao estado de vigilância perene do país -  e à invasão de privacidade quase pornográfica de seus cidadãos por serviços de espionagem - é esse sistema amoral que mantém a segurança do país desde os ataques de 11 de setembro de 2001. Na Europa, o mesmo acontece com o Reino Unido, um país rico, que gasta bilhões em vigilância e inteligência desde que foi alvo de atentados terroristas, em julho de 2005.
Com a França, a história é outra. Semanas depois do atentado à redação do semanário Charlie Hebdô, que deixou 12 pessoas mortas, a França prometeu investir mais de 750 milhões de euros em Inteligência. Apenas uma parcela disso foi investido de fato. Antes dos atentado, o governo francês investia menos da metade desses recursos em Inteligência. Há menos de dois meses, relatórios da inteligência francesa alertaram o governo com relatos de que o grupo pretendia levar a cabo ataques em países da Europa ocidental – principalmente na França, se utilizando de militantes e simpatizantes do grupo baseados no país. Entre janeiro e abril, as autoridades francesas impediram pelo menos 5 ataques em território nacional. “A ameaça nunca esteve tão alta. Nós nunca enfrentamos esse tipo de terrorismo em nossa história”, disse então o primeiro-ministro francês Manuel Valls. A confirmção da frase de Valls está no terror em Paris no dia 13 de novembro.
Em outubro, em entrevista à revista francesa Paris Match, o juiz Marc Trévidic, um dos principais juristas no combate antiterrorismo no país anunciou: “A ameaça está em um nível máximo, como nunca se viu antes”. De acordo com Trévidic, a nação francesa figurava como o alvo perfeito. “A França é o principal alvo de um exército de terroristas aos meios ilimitados. É claro que são particularmente vulneráveis por causa da nossa posição geográfica, facilidade de entrada em nosso território para todos os jihadistas (fundamentalistas islâmicos) de origem europeia” afirmou.
À fragilidade de sua segurança alia-se o fato de a França ser a imagem mais bem-acabada do Ocidente que os radicais islâmicos tanto detestam. "A França representa os valores eternos do progresso humano", afirmou o presidente americano Barack Obama em um discurso, logo depois dos ataques. Paris é o berço da civilização ocidental, e lumiar dos princípios republicanos e iluministas.
Não bastasse tudo isso, desde que foi alvo dos ataques dos lobos solitários do Estado Islâmico, em janeiro deste ano, a França entrou de cabeça na guerra contra o Estado Islâmico. Entrou na coalizão de países que combate o EI no final do ano passado, mas só começou a fazer bombardeios aéreos contra os islamitas na Síria no dia 27 de setembro deste ano. Até então, a França só havia atacado alvos no Iraque –e, mesmo assim, respondiam por apenas 3% do total de bombardeios da coalizão contra os islamitas. Desde então, foram ao menos uma dezena de bombardeios. No fim de setembro, caças franceses destruíram um centro de treinamento do EI no leste da Síria. Quatro dias atrás, caças franceses destruíram um centro de distribuição de petróleo do Estado Islâmico na Síria, perto da cidade de Deir Ezzor, uma das mais importantes fontes de renda do grupo.
Não é apenas o EI que está na mira francesa há algum tempo. A França se engajou de forma mais intensa no combate a grupos terroristas na África em julho do ano passado, com o início da operação Barkhane. O país enviou 3 mil tropas para operações de contraterrorismo na região conhecida como Sahel. Os países cobertos pela operação - Burkina Faso, Chad, Mali, Mauritania e Niger – viveram na última década a ascensão de grupos radicais islâmicos como Al Qaeda no Magreb Islâmico, Boko Haram e outros. Em julho, 20 militantes islâmicos, alguns com cidadania francesa, suspeitos de planejarem um ataque foram detidos no Mali. Em abril, um refém holandês, sequestrado por militantes da Al Qaeda, foi resgatado por tropas francesas também no Mali. Em maio, um ataque noturno da forças especiais francesas no norte do Mali matou quatro militantes da Al Qaeda, sendo dois altos comandantes do grupo: Amada Ag Hama e Ibrahim Ag Inawalen. Ag Hama era apontado pelo governo francês como o responsável pela morte de Ghislaine Dupont e Claude Verlon, jornalistas da RFI sequestrados e assassinados em 2013.
O surpreendente nos ataques de Paris desta vez é o nível de coordenação dos ataques. Algo similar foi visto na Europa pela última vez em 7 de julho de 2005, quando quatro atentados suicidas coordenados em três estações de metrô e ônibus em Londres deixam 56 mortos e 700 feridos. Os ataques foram reivindicados pela Al-Qaeda. Essa seria uma mudança radical no estilo do Estado Islâmico. Até o momento, o EI promoveu principalmente ataques a mesquitas, prédios de instituições e vários ataques a bala em países árabes, além de incursões como a do Charlie Hebdô.
Há pelos menos dois meses, no entanto, o alto escalão da Inteligência americana alertava para o perigo de o Estado Islâmico estar se preparando para possíveis ataques em massa. O grupo estaria estudando a mudança de foco em ataques de lobos solitários em outros países para organizar atentados de grande impacto, a exemplo da al-Qaeda. “Acredito que estejam utilizando muitos dos recrutas que não têm tempo para treinar e os utilizando para criar um tipo de atentado em massa que produza atenção midiática”, afirmou em agosto o tenente-general Mark Hertling, da CIA. Estima-se que 20 mil a 30 mil estrangeiros combatem na Síria e no Iraque pelo EI. Muitos deles, com cidadania europeia, tem facilidade para entrar e sair do continente.
O ataque em Paris acontece algumas semanas depois de um avião russo cair na região do Sinai, no Egito, matando os 224 ocupantes. A Rússia de Vladimir Putin entrou de cabeça na guerra civil da Síria para defender o regime de Assad, contra quem o EI luta, e bombardeando militantes do grupo jihadista. Um grupo ligado ao EI assumiu a autoria do atentado. Apesar dos governos egípcio e russo negarem que se trata de um atentado, os serviços de inteligência britânico e americano dizem ter "fortes indícios" de que uma bomba explodiu. Na quinta-feira passada, dia 12, um atentado perpetrado pelo EI em Beirute matou 43 pessoas. "Se os atentados em Paris, e também os do Egito e do Líbano tiverem sido coordenados pelo Estado Islâmico, isso representa uma mudança tectônica na estratégia global do grupo", afirma Will McCants, uma das principais autoridades americanas no Estados Islâmico, diretor do Brookings Institution, e autor do livro The ISIS Apocalypse (O Apocalipse do Estado Islâmico). E se for uma mudança de estratégia, como cada vez mais parece ser, o mundo estará mais inseguro do que jamais esteve.

(ADAPTADO DE RODRIGO TURRER – Profª Chris

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A maior crise humanitária que a Europa vive pós Segunda Guerra Mundial


Vítimas de guerras civis, terrorismo, perseguições e miséria, eles buscam no continente uma chance de uma vida mais digna, mas nem sempre chegam à terra firme. Só em 2015, mais de 2.500 pessoas morreram afogadas na travessia, um número sem precedentes.

De todo o contingente que cruzou o Mar Mediterrâneo em direção a Europa durante os primeiros seis meses de 2015, um terço era formado por homens, mulheres e crianças da Síria, cujos cidadãos têm sido quase universalmente reconhecidos como refugiados ou elegíveis a outras formas de proteção internacional. Os outros dois terços são majoritariamente originários de países como Afeganistão e Eritréia, esse aumento no fluxo migratório se deve principalmente ao crescente número de conflitos internos em países da África e do Oriente Médio.

A agência de refugiados da ONU indica que o maior grupo requerentes no continente é formado por sírios, com 122.800 requisições de asilo, ou 20% do número total de candidatos. Eritreus que fogem da guerra estão em segundo lugar.

Para atravessar o Mediterrâneo, que se tornou o “Mar da morte”, os imigrantes se arriscam em embarcações superlotados sem o mínimo de segurança. Aliciados por traficantes de pessoas, os passageiros acabam desenbolsando quantias maiores do que R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo – um único barco pode render US$ 1 milhão.

Apesar do pagamento alto, eles não têm qualquer garantia de que terão seus pedidos de refúgio aceitos. Muitos não ficam no destino final e são mandados de volta aos seus respectivos países de origem.

                Além da crise de imigração, alguns países europeus também enfrentam uma crise econômica, como é o caso da Grécia que, sozinha, já recebeu em 2015 cerca de 160 mil imigrantes. Se a situação econômica na Europa não é das mais favoráveis, por que milhares de pessoas abandonam seus lugares de origem, pondo em risco a própria vida, para atravessar as fronteiras?

1. Síria

Mais de 240 mil pessoas morreram na Síria desde 2011, ano em que estourou uma guerra civil no país, e, dentro desse número, estão 12 mil crianças. Em 2015, a guerra na Síria completou quatro anos de conflitos entre tropas leais ao regime, vários grupos rebeldes, forças curdas e organizações jihadistas, entre elas, o Estado Islâmico.

Estimativas da ONU apontam que mais de 7 milhões de sírios abandonaram suas residências dentro do país e quase 60% da população vive na pobreza. Os trágicos números refletem na alta taxa de emigração do país – seriam 4 milhões de refugiados sírios, a maior população de refugiados do mundo.

O principal destino dos sírios são a Turquia, que já recebeu 1,8 milhão de refugiados desde o início da guerra civil na Síria, Iraque, Jordânia, Egito e Líbano. Um relatório da ONU aponta que, somente no primeiro semestre deste ano, 44 mil pessoas saíram da Síria com destino à costa europeia.

2. Afeganistão

O país foi invadido em 2001 pelos Estados Unidos, logo após o ataque às Torres Gemêas em 11 de setembro daquele ano. Osama bin Laden, líder da rede Al-Qaeda, assumiu a autoria dos atentados e se refugiava no país. Mas, antes disso, o Afeganistão já estava dominado pelo Talibã, grupo militante radical. Expulso do poder, o Talibã lutou constantamente ao longo dos anos contra as tropas americanas. Estudos apontam que, desde 2001, mais de 150 mil pessoas morreram no Afeganistão e no Paquistão.

Dados da ONU, indicam que, juntamente com a Síria e a Somália, o Afeganistão somou 7,6 milhões dos refugiados de 2014. Somente no primeiro semestre deste ano, 1.592 civis morreram em conflitos no Afeganistão.

Os refugiados afegãos estão presentes em mais de 80 países, mas um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) aponta que somente dois deles concentram 96% dessa população: Irã e Paquistão.

3. Iraque

Os Estados Unidos invadiram o Iraque e tiraram Saddam Hussein do poder em 2003, sob o argumento de que o país possuía armas de destruição em massa. Com a saída de Hussein, se instalou um governo controlado pelos xiitas. Insatisfeitos, os sunitas começaram a protestar pacificamente em 2012, mas poucas concessões foram feitas, porque os xiitas acreditavam que se tratavam não de pedidos de reforma, mas de uma busca por retomar o poder.

            A marginalização fez com que parte dos  sunitas iraquianos começassem a se aproximar do Estado Islâmico. Após a retirada das tropas americanas do Iraque em 2011, o grupo jihadista, que ganhou força na sua atuação no conflito da Síria e conquistou territórios por lá, passou a avançar sobre o norte iraquiano.

A violência da atuação do grupo extremista no Iraque pode ser colocada em números: somente em 2014, o Iraque registrou 10 mil mortes - quase um terço de todos os mortos no mundo em atentados terroristas. Outras milhares de pessoas se refugiam em países europeus, sendo a Turquia um dos principais destinos para os iraquianos, com cerca de 200 mil no país,

4. Líbia

Em 2011, o levante popular conhecido como "Primavera Árabe" depôs o ditador Muammar Kadhafi, que estava no controle do governo líbio há 42 anos. Desde então, o país vive uma crise política, com dois Parlamentos e dois governos rivais. O governo reconhecido pela comunidade internacional tem sede em Tobruk, no leste do país.

Aproveitando-se da instabilidade na Líbia, o Estado Islâmico, que se apoderou de vastos territórios na Síria e no Iraque, posicionou-se ano passado na Líbia, onde controla sobretudo trechos da região de Syrte, a leste de Trípoli. O grupo extremista já assumiu autoria em uma série de ataques e abusos, incluindo a decapitação de 21 cristãos e um atentado contra um hotel na capital Trípoli.

Refugiados dos conflitos cruzam o Mar Mediterrâneo em direção à Itália, usando o país como uma ponte para chegar a outros destinos da Europa. O governo italiano já resgatou centenas de imigrantes do norte da África neste ano.

5. Eritreia

Dos imigrantes que cruzam o Mediterrâneo em direção ao sul da Itália, boa parte vêm da Eritreia. Segundo a BBC, um dos motivos para cidadãos desse país no Chifre da África decidirem emigrar é o serviço militar obrigatório , comparável a um regime de escravidão.  Grupos de defesa dos direitos humanos também afirmam que o país vive forte repressão política.

 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Cinco fatos recentes sobre o Estado Islâmico (EI) que você precisa saber para ficar por dentro do Assunto.

O Estado Islâmico (EI) faz parte dos noticiários internacionais desde meados de 2014, principalmente após o anúncio da criação de um califado nas regiões conquistadas na Síria e no Iraque. Nos últimos dias, as ações do EI se intensificaram e não saíram das manchetes. Separamos os principais fatos recentes que vão ajudá-lo a entender melhor o avanço do grupo pelo mundo.
Para início de conversa, vale a pena darmos uma contextualização com um pequeno histórico sobre o Estado Islâmico. Mesmo para os que já sabem, fica como uma pequena revisão:

Entenda a expansão do Estado Islâmico
Com um vasto território que extrapola fronteiras, abrangendo áreas do Iraque e da Síria, ativos estimados em 2 bilhões de dólares e um contingente de 31 mil combatentes, o Estado Islâmico (EI) consolida-se como a mais poderosa organização extremista islâmica, a ponto de forçar o reengajamento militar dos EUA na região. Sua ascensão é surpreendente quando se considera que, até pouco tempo atrás, o EI era uma filial da Al Qaeda entre tantas outras atuando na Ásia e na África. Criado no Iraque em 2003, com o nome Al Qaeda no Iraque (AQI), o grupo espalhou terror contra as forças de ocupação e os xiitas, até ser praticamente aniquilado após a morte de seu comandante, Abu Musab al Zarqawi, em 2006. O grupo renasce a partir de 2010, já com um novo nome (Estado Islâmico do Iraque – EII) e outro líder. Em 2011 , os EUA encerram a controversa ocupação militar de quase nove anos na região. O vácuo de segurança criado pela retirada militar dos EUA, o clima de revolta dos sunitas com o governo pró-xiita do primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, e o caos da guerra civil na Síria criam condições para que o EII prospere. Eles então expandem suas atividades para o território sírio, onde infiltram militantes que saqueiam dinheiro e armas, além de recrutarem guerrilheiros e instalarem bases. Com o avanço para outro país, mudam de nome novamente (Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL). E, após dominar territórios do norte da Síria e do Iraque, o grupo anuncia a criação de um califado (uma referência aos antigos impérios islâmicos surgidos após a morte de Maomé, que seguiam rigorosamente a lei islâmica – sharia – dos quais o mais notório foi o Império Árabe), em junho de 2014 autodenominam-se Estado Islâmico (EI).Apesar de o EI ser condenado por todas as organizações e nações islâmicas do mundo, o anúncio do califado dá uma dimensão das ambições do grupo, que surpreende por sua organização institucional. O EI instala governos próprios sob uma versão radical da lei islâmica nas áreas ocupadas e se financia principalmente com o contrabando de petróleo e o resgate de sequestros. Também chamam a atenção os métodos brutais utilizados para submeter os povos sob seu domínio. A partir de agosto de 2014, o EI passa a usar como estratégia de terror a divulgação de vídeos de reféns sendo decapitados. As táticas de barbárie adotadas pelo grupo somadas às ameaças de genocídio sofridas pelas comunidades yazidis e curdas no Iraque levam os Estados Unidos a anunciar em setembro do ano passado a formação de uma ampla coalizão internacional para bombardear bases do EI no Oriente Médio.
(retirado do Almanaque Abril, 2015)
Explicado o contexto, vamos às notícias:
1) EUA preparam a reconquista da capital do Estado Islâmico no Iraque
No último dia 19, pela primeira vez, o Exército dos EUA detalhou sua estratégia para reconquistar Mosul, a segunda maior cidade do Iraque e agora capital do EI no país. O plano é que entre abril e maio forças militares iraquianas e curdas iniciem ataques terrestres na cidade com o apoio aéreo norte-americano e dos países ocidentais. Desde que assumiu o governo dos EUA, Obama tem privilegiado o uso de drones, tropas de elite e trabalhos de inteligência contra o terrorismo. Recuperar Mosul será decisivo para enfraquecer o domínio do EI na região, já que esse é o domínio mais importante e povoado do califado. Você deve estar se perguntando: “mas não seria melhor manter esse plano em segredo?”. Segundo um representante militar do alto escalão dos EUA que não quis se identificar ao jornal El País, o anúncio é uma forma de mostrar confiança nas forças locais. 
2) Estado Islâmico planeja avançar para Europa
A pressa em recuperar a cidade de Mosul e enfraquecer o EI com rapidez está ligada à preocupação do avanço do grupo pelo mundo, a começar pela Europa. Segundo relatório britânico divulgado pelo portal The Telegraph, no último dia 18, o Estado Islâmico planeja avançar pela Itália usando território da Líbia, país que fica ao norte do continente africano. O plano prevê que os combatentes do EI se aproveitem da instabilidade política da Líbia para avançar até a região litorânea do Mar Mediterrâneo. Em um dos vídeos divulgados pelo grupo, um dos integrantes diz: “Nós vamos conquistar Roma com a permissão de Alá”. Uma das formas de infiltrar terroristas no solo italiano seria por meio de imigração ilegal. A ilha italiana de Lampedusa está a menos de 200 km do país e é acessada com frequência de barco por imigrantes. E não seria difícil encontrar pessoas interessadas na missão. O grupo, que faz o recrutamento de novos membros pela internet, reúne grande número de seguidores pelo mundo nas redes sociais. 
3) Mascarado de vídeos de decapitações era de classe média e instruído 
Um dos traços marcantes do EI é o emprego de táticas extremamente bárbaras. São execuções, amputações e açoitamentos em massa, às vezes contra comunidades inteiras, e mortes coletivas por crucificação, decapitação e enforcamento. O extremista de sotaque britânico que aparece nos vídeos de decapitações do EI foi identificado por investigadores no Reino Unido como Mohammed Emwazi. Mascarado, ele vinha sendo chamado até agora de “John Jihadista”. A primeira aparição em vídeo do extremista ocorreu em agosto passado, quando ele aparentemente assassinou o jornalista americano James Foley. Neste mês, Emwazi apareceu no vídeo da decapitação do jornalista japonês Kenji Goto. Conhecidos da família de Emwazi disseram ao jornal Washington Post que ele cresceu em uma família de classe média no oeste londrino e estudou informática na Universidade de Westminster. Um especialista disse à BBC que o fato de Emwazi ser de classe média e instruído mostra que a radicalização não é motivada principalmente pela pobreza ou pela privação social.  Essa semana outras três pessoas foram detidas em Nova York acusadas de se unir ao EI. 
4) Para financiar conflito, Estado Islâmico vende em Londres obras de arte roubadas
Além de capital humano para executar suas ações, o grupo também necessita de muito dinheiro se financiar. Foi divulgado pelo Times que uma das formas de arrecadar dinheiro é por meio da venda de obras de arte roubadas da Síria para ricaços de Londres. Esses itens vão desde moedas do Império Bizantino feitas de ouro e de prata até potes, vasos e vidros datados da época do Império Romano que, juntos, valem milhões de dólares. Essa, no entanto, não é a única fonte de renda do grupo. O Estado Islâmico ainda fatura cerca de US$ 2 mi (RS 4,95 mi) por dia com a venda de petróleo no mercado negro e com sequestros e extorsões. Leia mais.
5) Estado Islâmico destrói milhares de livros raros em bibliotecas iraquianas e vídeo é divulgado pelo grupo destruindo estátuas milenares em Mosul
Aparentemente, o que o EI não vende, ele destrói e isso porque o grupo segue uma versão radical da sharia, termo árabe que significa “caminho para a fonte de água” e é um sistema de lei e/ou um código de conduta para os seguidores do Islã que deriva do Alcorão e dos ensinamentos do profeta Maomé. O vídeo da destruição de estátuas milenares que começou a circular pela internet essa semana e que teve seu conteúdo confirmado pela UNESCO, chocou muitas pessoas. Armado com grandes martelos e brocas, seguidores do Estado Islâmico (EI) em Mosul destruíram o que chamaram de “ídolos pagãos” e que arqueólogos de todo o mundo temem que sejam peças assírias e acádias. As relíquias destruídas pela facção já existiam quando Maomé, segundo a tradição, destruiu os ídolos de Meca. Mas, segundo o EI, esses artefatos não eram visíveis àquela época e foram posteriormente escavados por “adoradores do demônio”. Na semana passada o EI destruiu a biblioteca central dessa cidade, situada no norte do Iraque, 100 mil livros e de manuscritos, incluindo exemplares otomanos. Ao jornal Folha de S. Paulo, o pesquisador Barah Mikail, do think-tank europeu Fride, com base na Espanha, disse: “O Estado Islâmico quer aniquilar tudo que se refira a antigas civilizações, já que para eles tudo o que veio antes do islã é nulo”

Fonte: Guia do Estudante

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Entenda o que é o Estado Islâmico

O que é Estado Islâmico? É um grupo terrorista?

Pode-se dizer que sim. O Estado Islâmico (ou Isis, na sigla em inglês) era aliado da Al-Qaeda e agora está agindo sozinho.

E por que o Estado Islâmico está nas notícias?

Porque eles começaram a atacar áreas no Iraque e na Síria para criar um estado baseado numa visão extremista do Islã. Querem criar um califado sunita.

Essa história tem alguma coisa a ver com o Saddam Hussein?

Sim. Hussein era sunita, como os membros do EI, e essa corrente religiosa dominou o Iraque durante décadas. Depois da queda do ditador, o governo apoiado pelos Estados Unidos é composto por xiitas. Os sunitas se sentem excluídos e desejam ter mais poder. Sunitas e xiitas são rivais há séculos e essa situação política agravou a situação e favoreceu o fortalecimento do EI.

Por que os Estados Unidos resolveram entrar nessa briga?

Porque o EI está começando a ganhar território e está dizendo que vai tentar chegar até Bagdá, a capital do país. Os americanos não querem isso porque a intenção do EI é fundar um estado baseado nas leis do Alcorão, um estado religioso, e isso vai contra os interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos, que desejam que o Iraque seja uma democracia. Além disso, os militantes do EI estão expulsando e perseguindo cristãos e outras minorias religiosas do país.

Por que eles decapitaram jornalistas americanos?

Para ameaçar os Estados Unidos, que têm bombardeado a área ocupada pelo EI. Dois jornalistas foram mortos: James Foley e Steven Sotloff. O Estado Islâmico diz que vai continuar executando cidadãos americanos até que os ataques parem. Mas não parece que o governo de Barack Obama está disposto a desistir dos bombardeios.

Quem são os curdos e o que eles têm a ver com isso tudo?

Os curdos são uma etnia que vive há séculos entre o Iraque e a Turquia. Eles tentam há muito tempo ter um estado próprio, que se chamaria Curdistão. O Estado Islâmico invadiu áreas pertencentes aos curdos, que se juntaram na batalha contra o grupo sunita.


Entenda o ataque a Charlie Hebdo, em Paris

Ação terrorista terminou em 12 mortes na redação da revista e provocou uma caçada policial pela França
O ATENTADO
Na quarta-feira, dia 7, por volta de 11h30 (8h30, no horário de Brasília), dois homens vestidos de preto, encapuzados e armados com fuzis automáticos abrem o fogo na redação de Charlie Hebdo, em plena reunião de pauta, aos gritos de "Allah akbar" (Alá é grande). 
Matam 11 pessoas na sede do jornal e um policial na saída, antes de fugir de carro rumo à zona nordeste de Paris, onde trocam de veículo ao render um motorista.
O presidente François Hollande chega ao local do atentado, lança um apelo à "Unidade nacional" e decreta um dia de luto para o dia seguinte.
A polícia persegue os irmãos Chérif e Saïd Kouachi, de 32 e 34 anos, nascidos em Paris, de pais argelinos. O primeiro já foi condenado em 2008, por ter atuado num grupo que enviava jihadistas no Iraque.
Reações comovidas tomam conta do mundo inteiro, com o lema "je suis Charlie" (Sou Charlie) espalhado nas ruas e nas redes sociais. Durante a noite, mais de cem mil pessoas manifestam na França e várias outras se reúnem em outras cidades do mundo, inclusive no Brasil, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

A CAÇADA
Na manhã de quinta-feira, uma guarda municipal é morta a tiros e outro funcionário é gravemente ferido em Montrouge, no sul de Paris. O autor do tiroteio consegue escapar.

Os irmãos Kouachi são reconhecidos durante a manhã pelo gerente de um posto de gasolina que assaltaram, perto de Villers-Cotterêt, a 80 km ao nordeste da capital. Policiais vasculham a área, sem sucesso.
A maioria das capas de jornais têm a cor dominante preta em sinal de luto, e anônimos colocam flores, lápis, velas e mensagens perto da sede de Charlie Hebdo. Ao meio dia, o país todo respeita um minuto de silêncio, enquanto os sinos dobram na catedral Notre Dame de Paris. As luzes da Torre Eiffel, outro cartão postal da cidade, são desligadas por alguns instantes às 20h00 locais.
Chérif e Said Kouachi são chamados 'heróis jihadistas' pela rádio da organização terrorista Estado Islâmico (EI). Ele figuram há anos na lista negra do terrorismo do FBI americano.

OS SEQUESTROS
Na sexta-feira, a caçada continua e um forte tiroteio começa num bloqueio policial, após os irmãos terem sido reconhecidos por um motorista que teve seu carro roubado.
Os fugitivos, que ainda possuem armamento pesado, estão entrincheirados com um refém num pequena gráfica situada em uma zona industrial da cidade de Dammartin-en-Goële, a vinte quilômetros do aeroporto internacional de Roissy, cujo plano de voo foi modificado.
A pequena cidade de 8.000 habitante é cercada pelas autoridades, enquanto helicópteros sobrevoam a área. Várias escolas são evacuadas, e outras mantém as crianças confinadas.
O presidente Hollande renova seu apelo à "Unidade Nacional" e chama "todos os cidadãos" a comparecer às ruas para a manifestação marcada este domingo em homenagem às vítimas.
O suspeito do tiroteio de Montrouge, que matou a policial, é identificado, e várias fontes policiais afirmam que uma "conexão" foi estabelecida entre este suspeito e os irmãos Kouachi.
Todas as mesquitas da França são convidadas a homenagear as vítimas do atentado.
A cerca de 13h00 locais (10h00 de Brasília), pelo menos duas pessoas são mortas num tiroteio na Porte de Vincennes, ao leste de Paris, e várias são feitas reféns em um mercado judeu. 
De acordo com uma fonte próxima ao caso, há suspeitas de que o sequestrador seja o atirador de Montrouge, identificado como Amedy Coulibaly, de 32 anos, que conhece pelo menos um dos irmãos Kouachi e já foi condenado num caso de tentativa de fuga de prisão de outro jihadista. 
A polícia divulgou retratos de Coulibaly e de uma mulher, Hayat Boumeddiene, de 26 anos, também suspeita do ataque em Montrouge.

fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/mundo/2015/ 

A Nova Ordem Mundial

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