Para pensar...

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

segunda-feira, 27 de junho de 2011

China: A Potência do Século XXI


1. O domínio estrangeiro

No século XIX e início do XX, o neocolonialismo e o imperialismo já haviam submetido a China aos interesses capitalistas mundiais, transformando-a em país fornecedor de matéria-prima e consumidor de produtos industrializados.

No decorrer do século XIX, a China foi seguidamente invadida por potências estrangeiras como Japão, Alemanha, Inglaterra, França e Rússia, sendo obrigada a aceitar acordos que colocavam em risco sua soberania.

Em 1912, foi fundada a República Chinesa, em substituição ao Império; e, em 1937, teve início outra guerra entre o Japão e a China, que se prolongou até 1945. Nesse período, os nacionalistas e socialistas chineses se uniram para combater a invasão japonesa. As forças nacionalistas eram comandadas pelo general Chiang Kai-Shek e as socialistas, por Mao Tsé-Tung. Terminada a Segunda Guerra Mundial, a vitória chinesa sobre o Japão foi decorrente de sua aliança com os EUA e demais aliados. Houve rompimento entre as forças nacionalistas, associadas ao capitalismo, e as forças socialistas maoístas.

De 1945 a 1949, ocorreram lutas entre as duas forças que disputavam o poder político. Em 1º de outubro de 1949, foi proclamada a República Popular da China, sob a liderança de Mao Tsé-Tung. O general Chiang Kai-Shek transferiu-se para a Ilha de Formosa ou Taiwan, aí fundando a China Nacionalista, que permaneceu capitalista sob a proteção dos EUA. Os diferentes governos da China Popular até hoje reinvindicam a sua reintegração ao território chinês, considerando Taiwan como uma província rebelde.


2. O modelo socialista soviético

A implantação do socialismo na China, em 1949, alterou toda a organização da produção até então existente. Acabou com a dominação e exploração estrangeira de quase cinco séculos.

Logo de início, o governo revolucionário adotou o modelo soviético de desenvolvimento, tendo por base:

· a estatização dos meios de produção (terra, subsolo, água, florestas, fábricas, minérios, transportes, bancos, agricultura, serviços etc.);

· o desenvolvimento industrial com prioridade para a indústria de base – siderurgia, metalurgia, mecânica e transportes pesados;

· o planejamento econômico, político e social centralizado.

O período que se estende de 1950 a 1976 é caracterizado por diversas tentativas de acelerar o processo de crescimento econômico, dentro do modelo socialista, que resultaram em fracasso, tais como o Grande Salto à Frente – política de industrialização acelerada na qual grande parcela da população foi transferida às cidades para trabalhar na indústria, e as terras foram coletivizadas para ser implantada a Revolução Cultural, de orientação maoísta que privilegiava o igualitarismo social, em detrimento da eficiência do sistema produtivo.

Em 1976, após a morte de Mao Tsé-Tung, assumiu o poder Deng Xiaoping, seguindo uma tendência oposta à de seu antecessor, pois passou a priorizar a eficiência da produtividade econômica em detrimento do fator ideológico associado ao igualitarismo social.


3. A nova política econômica chinesa

A partir de 1978, foi estabelecida a nova política econômica chinesa, cujas reformas se aprofundaram a partir de 1984. A liderança de Deng Xiaoping procurou desenvolver o restabelecimento parcial da propriedade privada na agricultura; a introdução controlada do conceito de lucro nas empresas; a substituição do sistema de metas pelo sistema de produtividade; a adoção de salário diferenciado por mérito ou função; adoção de capitais e tecnologia estrangeiros; a adoção de estímulos aos trabalhadores mais eficientes; a flutuação dos preços conforme a demanda do mercado e criou a Bolsa de Valores em Pequim.

Em suma, a nova ordem econômica tinha como objetivo criar um socialismo pragmático na China, desenvencilhando-se do caráter ideológico do igualitarismo social defendido pela antigo liderança maoísta.

Em 1989, seguindo a tendência da abertura preconizada pela Glasnost, na URSS, e pela queda do muro de Berlim, na Alemanha, intelectuais e estudantes realizaram gigantesca manifestação pela democratização da China na Praça da Paz Celestial, mas sofreu brutal repressão do aparato militar sob as ordens de Deng Xiaoping.

Ao oficializar, no início de 1993, os conceitos de “socialismo com características chinesas” e “economia socialista de mercado”, o XIVº Congresso do Partido Comunista Chinês abriu nova fase da vida chinesa, assinalando o apoio declarado à política reformista de Deng Xiaoping, que abriu o mercado aos investimentos capitalistas, mas manteve sob rigoroso controle do Partido Comunista a vida política e os meios de comunicações.

A política interna da China adquiriu certa estabilidade após Deng Xiaoping ter assumido o poder com o fim das turbulências trazidas pela morte de Mao Tsé-Tung. Criou-se um processo de revezamento do poder que permite a ascensão de líderes mais jovens, facultando ao retirante manter uma certa fatia do poder, como ocorreu ao próprio Deng. Ele deixou o cargo de secretário-geral do Partido Comunista, mas manteve o influente cargo de chefe da Comissão Central Militar. Tal processo aconteceu com seu sucessor Jiang Zemin, que foi sucedido em 2002 por Hu Jintao. Assim, ao mesmo tempo em que a China permite certa liberdade econômica ao país, fecha totalmente a liberdade em relação à política, que é incontestavelmente exercida pelo Partido Comunista.

Em 2006, a China alcançou o patamar da 4ª economia mundial, com um PIB de 2,5 trilhões de dólares, após os EUA, Japão e Alemanha.

4. Setores da Economia

Agricultura
Apesar do baixo rendimento do solo, da erosão, é crescente o uso de adubos e de técnicas modernas na agricultura chinesa, que participa com 12% do PIB e 47% da população ativa em 2006. A indústria contribui com 48% do PIB, mas emprega apenas 24% da população ativa, enquanto o setor de serviços e comércio participa com 40% do PIB e 31% da mão-de-obra. Na agricultura, os canais de irrigação e barragens são importantes obras realizadas para sua dinamização, especialmente ao longo da várzea do rio Huang-Ho, onde o solo de löess apresenta grande fertilidade.

As regiões mais cultivadas são a planície costeira e os vales fluviais. Nos planaltos e regiões interiores, áreas menos úmidas, a atividade agrícola é incentivada com a irrigação.

Os cereais mais cultivados são: arroz (1º do mundo), com 1/3 do total mundial, cultivado no sul e sudeste da China (Planície Chinesa); trigo(2º do mundo, após EUA), cultivado também na Planície Chinesa, no Vale do Huang-Ho; soja (segundo do mundo), beterraba, aveia, cevada, sorgo, milho, batata, chá, algodão, cana-de-açúcar e outros produtos.

Pecuária
A China tem o maior rebanho de suínos do globo; o terceiro lugar, quanto ao rebanho de ovinos, e o quinto lugar em bovinos, com 100 milhões de cabeças.

Quanto ao pescado, a China é grande produtora mundial, ao lado do Japão, Peru, Rússia e Chile.

Mineração
A China possui imensos recursos energéticos e minerais, importantes no processo industrial.

A China possui muitos recursos, sempre cobiçados por
potências próximas.

O carvão mineral (primeiro produtor mundial) é extraído nas províncias de Chansi e Chensi e também na Manchúria.

A China possui reservas de petróleo no Sinkiang e na faixa litorânea, mas seu crescimento econômico acelerado – que nos últimos anos apresentou uma média de 9 a 10% ao ano – tem obrigado o país a importar grandes quantidades de óleo.

O minério de ferro aparece também em grande quantidade na Manchúria e no Vale do Rio Yang-Tsé Kiang.

Outros recursos minerais da China são: tungstênio (primeiro produtor mundial), antimônio (segundo produtor mundial), estanho, manganês e minerais atômicos.

Minerais atômicos: incluem, entre outros, o urânio e o tório, que servem de base para o processamento de material utilizado para a produção de energia térmica (termonuclear) ou para a confecção de armamentos.

Indústrias
O planejamento oficial, a mão-de-obra numerosa e a necessidade da evolução econômica têm contribuído para a industrialização mais acelerada da China nas últimas décadas.

São destaques na China os setores da indústria

· siderúrgica, localizada especialmente na Manchúria, graças aos recursos de ferro e carvão e à rede de transportes; os maiores centros da indústria siderúrgica são Pequim, Tientsin, Anshan e Wuhan;

· mecânica, localizada na Manchúria e na Planície Chinesa, com destaque para a fabricação de máquinas operatrizes, veículos, construção naval; os maiores centros da indústria mecânica são: Tientsin, Xangai e Shenyang;

· química, também na Manchúria e nas Planícies Chinesas; produzem principalmente fertilizantes, plásticos, fibras. Nanquim, Yumen e Linta são os centros que se destacam;

· têxtil e alimentar, sediadas principalmente em Xangai e Tientsin, bem modernizadas.

O maior centro industrial da China é Xangai, com as mais variadas indústrias, como a têxtil, de ligas metálicas, de cigarros, química, alimentícia e a indústria pesada.

· indústria de cimento e construção civil – em face do acelerado desenvolvimento econômico da China no início do séc. XXI, a indústria de cimento e construção civil cresce em ritmo acelerado, tendo em vista a construção de prédios, viadutos, hidrelétricas etc.

Com a liberalização econômica iniciada no final dos anos 70, a China passou a adotar o modelo de desenvolvimento industrial japonês e dos Tigres Asiáticos, isto é, produção de bens de consumo duráveis (exemplo eletrodomésticos) para a exportação. O governo investe no preparo técnico de mão-de-obra que, muito numerosa, é a mais barata do mundo e cria as ZEEs, Zonas Econômicas Especiais ou ZPEs, Zonas de Processamento da Exportação. São escolhidas algumas cidades litorâneas onde o Estado instala toda a infra-estrutura (energia, transporte) e promove benefícios fiscais para atrair investimentos externos. No decorrer dos anos 1990 e princípios dos anos 2000, tal política tem obtido sucesso, tornando a China um dos países de maior crescimento mundial.

Esse acelerado desenvolvimento apresenta, entretando, uma contrapartida: o aumento da poluição (efeito-estufa) e um gasto gigantesco de matéria-prima que tem de ser importado de vários pontos do mundo.

Transportes e Comércio

A China é um país com insuficiência de transportes terrestres, o que tem prejudicado muito o seu desenvolvimento. Destaca-se o tráfego fluvial, em razão de os rios serem navegáveis. Os principais portos fluviais são Cantão, Hang e Chow. Os principais portos marítimos são Tientsin e Xangai. Pequim é o centro de comunicação aérea mais importante.


5. Taiwan (ou Formosa)

Além dos dois nomes acima, a ilha situada no litoral sudeste da República Popular da China, a 135 km do continente, também é conhecida por China Insular ou Democrática ou Nacionalista, ou ainda República da China.

Taiwan possui um relevo montanhoso com altitudes de quase 4.000 m na porção oriental e extensas planícies na fachada voltada para o continente.

Nestas planícies concentra-se a maior parte da população, constituída essencialmente de chineses, colonizadores da ilha nos séculos XII e XVIII e por refugiados da China Continental, após a Revolução Socialista de 1949.

Com uma população de mais de 20 milhões de pessoas e com uma área um pouco menor do que o Estado do Rio de Janeiro, 36.000 km2, possui uma população relativa de aproximadamente 565,5 hab./km2, uma das mais altas do mundo.

O clima é bastante úmido e quente, o que explica a predominância dos cultivos de arroz, cana-de-açúcar, chá, banana e abacaxi.

Os recursos naturais são modestos. Destaque para o petróleo, carvão, ouro e potencial hidráulico.

A ajuda econômica dos Estados Unidos possibilitou a criação de indústrias, algumas já introduzidas pelos japoneses durante a ocupação da ilha, de 1895 a 1945.

Dentre as principais indústrias citam-se as têxteis, alimentares e mecânicas.
Taipé, com 2.200.000 habitantes, é a capital política e o principal centro urbano e econômico. Outras cidades de destaque são Kaohsiung (1.200.000 hab.), Taiwan e Taichung. Taiwan mantém um ativo comércio com os Estados Unidos, exportando produtos manufaturados e alguns minerais. Comercializa também com o Japão.
Atualmente, a China Nacionalista (Taiwan) vem se destacando por seu elevado crescimento industrial, baseado em investimentos estrangeiros e na superexploração da mão-de-obra, o que caracteriza o país como um dos Tigres Asiáticos. Pode-se notar grande expansão dos setores mecânico, eletroeletrônico, têxtil, de calçados etc.

Taiwan é considerado pelo governo da República Popular da China como uma província rebelde, e já a ameaçou várias vezes de invasão para voltar a anexá-la. Tal situação só não se desenvolveu pois Taiwan tem apoio dos EUA, e sua invasão implicaria um conflito sino americano. Taiwan invadida poderia também significar o fim de investimentos – os maiores – que a China recebe. Trata-se de mais um impasse criado pela “Guerra Fria” que se perpetua até a primeira década do século XXI.

(Fonte: Portal Objetivo/ Adaptado por Profª Chris – Geo)

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