O que é o Acordo de Paris?
O Acordo
de Paris foi um tratado alcançado entre 195 países do mundo para
reduzir gradualmente as emissões que causam a mudança climática. O objetivo é
prevenir um aumento maior do que 2 graus célsius na temperatura média global,
que poderia aumentar o nível dos oceanos, provocar grandes secas e causar
tempestades perigosas.
O esquema
foi negociado em 2015 durante a Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre a
Mudança do Clima (UNFCCC) e passou a valer em novembro de 2016. A convenção e
as discussões sobre o tema foram estimuladas pelo consenso geral da comunidade
científica mundial de que o aumento das temperaturas globais nas últimas
décadas foi causado por atividade humana.
Com
o que os Estados Unidos haviam se comprometido?
O acordo
exige que os países façam promessas voluntárias para reduzir as emissões
nacionais e forneçam atualizações periódicas sobre seu progresso. O ex-presidente Barack Obama se
comprometeu a reduzir entre 26% e 28% o nível das emissões americanas de 2005
até 2025. Essa meta não é fixa e o objetivo é aumentá-la ao longo dos anos.
O trato
também demanda que os países desenvolvidos, cujas economias historicamente contribuíram
para as emissões, ajudem a financiar a transição dos países em desenvolvimento
para formas de energia mais limpas. O plano é arrecadar 100 bilhões de dólares
por ano com doações públicas e privadas.
Obama
transferiu 1 bilhão de dólares, de um total de 3 bilhões com os quais havia se
comprometido, para o Fundo das Nações Unidas para o Clima antes de deixar o
cargo.
O
que Trump rejeita no acordo?
Trump não
aceita a ideia de que as emissões estão causando mudanças climáticas
significativas e acredita que os cientistas e especialistas estão difundindo
teorias da conspiração. Em sua campanha eleitoral, afirmou várias vezes que a
mudança climática foi inventada pela China.
Mais tarde disse que as afirmações não passavam de uma piada, mas reiterou que
não crê que os chineses irão cumprir sua parte no acordo ou estejam sequer
tentando reduzir seu consumo de combustíveis fósseis.
De forma
geral, o republicano é bem cético em relação a pactos e organizações
internacionais, por isso sempre tende a desacreditar de suas políticas e dizer
que os Estados Unidos não se beneficiam diretamente dos seus resultados. Em
especial, acredita que os gastos com o Acordo de Paris propostos pela antiga
administração são absurdos e podem levar a uma redução no crescimento econômico
sem nenhum benefício aparente.
Trump
nomeou outro cético para dirigir a Agência de Proteção Ambiental, Scott Pruitt,
e também está revogando o Plano de Energia Limpa criado pela administração
Obama para reduzir as emissões das usinas de carvão.
O
que acontecerá agora?
O acordo
não vai acabar da noite para o dia. Tecnicamente, Trump não pode abandonar o
tratado até 2019. No entanto, é possível que ele consiga acelerar o processo e
suspender as regulamentações internas já aprovadas pelo Senado americano. Ainda
assim, já existem rumores de que a China e a União
Europeia estão dispostas a se comprometer publicamente com o
tratado mesmo sem os Estados Unidos.
Muitos
especialistas acreditam que mesmo fora do acordo, os americanos podem alcançar
bons resultados em reduções de emissões e mudança de políticas climáticas. A
economia americana já não é dependente de fontes de energia poluentes
como o carbono e o carvão e está migrando cada vez mais para o gás natural e a
energia renovável. As ações de Trump podem não ser suficientes para alterar
essa tendência.
Contudo,
defensores do acordo acreditam que a saída dos Estados Unidos prejudicará seu
relacionamento com aliados próximos, que podem acabar cedendo eventualmente à
influência econômica da China.
No pior
dos casos, a retirada do acordo desencorajará as nações em desenvolvimento, que
se espelham nos americanos, a tomarem medidas adicionais para limitar suas
emissões. Além disso, o fim da contribuição americana com o Fundo das Nações
Unidas para o Clima pode prejudicar o orçamento geral do órgão e,
consequentemente, os esforços que buscam impedir os perigosos aumentos de
temperatura.
Fonte: Veja