Para pensar...

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Tensão na Síria - Inicio do Conflito e a Intervenção dos EUA

Antes do início do conflito, muitos sírios se queixavam de um alto nível de desemprego, corrupção em larga escala, falta de liberdade política e repressão pelo governo Bashar al-Assad - que havia sucedido seu pai, Hafez, em 2000.
Em março de 2011, adolescentes que haviam pintado mensagens revolucionárias no muro de uma escola na cidade de Deraa, no sul do país, foram presos e torturados pelas forças de segurança.
O fato provocou protestos por mais liberdades no país, inspirados na Primavera Árabe  (manifestações populares que naquele momento se estendiam pelos países árabes). Quando as forças de segurança sírias abriram fogo contra os ativistas, as tensões se elevaram e mais gente saiu às ruas. Os manifestantes pediam a saída de Assad.
A resposta do governo foi sufocar as divergências, o que reforçou a determinação dos manifestantes. No fim de julho de 2011, centenas de milhares saíram às ruas em todo o país exigindo a saída de Assad. À medida que a oposição aumentavam, a resposta violenta do regime se intensificava. Simpatizantes do grupo antigoverno começaram a pegar em armas, primeiro para se defender e depois para expulsar as forças de segurança de suas regiões. Assad prometeu "esmagar" o que chamou de "terrorismo apoiado por estrangeiros" e restaurar o controle do Estado. A violência rapidamente aumentou no país: grupos rebeldes se reuniram em centenas de brigadas para combater as forças oficiais e retomar o controle das cidades e vilarejos.
Em 2012, os enfrentamentos chegaram à capital, Damasco, e à segunda cidade do país, Aleppo. O conflito já havia, então, se transformado em mais que uma batalha entre aqueles que apoiavam Assad e os que se opunham a ele (ganhou características de guerra sectária entre a maioria sunita do país e xiitas alauítas) o braço do Islamismo a que pertence o presidente. Isto arrastou as potências regionais e internacionais para o conflito, conferindo-lhe outra dimensão. Em junho de 2013, as Nações Unidas informaram que o saldo de mortos já chegava a 90 mil pessoas.
A rebelião armada da oposição evoluiu significativamente desde suas origens. O número de membros da oposição moderada secular foi superado pelo de radicais e jihadistas (partidários da "guerra santa" islâmica). Entre eles estão o autointitulado Estado Islâmico e a Frente Nusra, afiliada à al-Qaeda.
Os combatentes do EI (Estado Islâmico) criaram uma "guerra dentro da guerra", enfrentando tanto os rebeldes da oposição moderada síria quanto os jihadistas da Frente Nusra. Também combatem o Exército curdo, um dos grupos que os Estados Unidos estão apoiando no norte da Síria.
Desde 2014, os EUA, junto com o Reino Unido e a França, realizam bombardeios aéreos no país, mas procuram evitar atacar as forças do governo sírio.
Já a Rússia lançou em 2015 uma campanha aérea com o fim de "estabilizar" o governo após uma série de derrotas para a oposição. A intervenção russa possibilitou vitórias significativas das forças sírias. A maior delas foi a retomada da cidade de Aleppo, um dos principais redutos dos grupos de oposição, em dezembro de 2016. Os rebeldes moderados têm requisitado armas antiaéreas ao Ocidente para responder ao poderio do governo sírio. Mas Washington e seus aliados têm procurado controlar o fluxo de armas por medo de que acabem indo parar nas mãos de grupos jihadistas.
O bombardeio,desta quinta-feira (06/04) feito a partir de dois navios de guerra americanos estacionados no mar Mediterrâneo, dá novos direcionamentos ao conflito, que já dura mais de seis anos. A Rússia, aliada do presidente Bashar al-Assad, condenou a medida - ela nega que o governo sírio esteja usando armas químicas.
O ataque dos Estados Unidos foi ordenado pelo presidente, Donald Trump, que até pouco tempo atrás citava Assad como um aliado na guerra contra o terror. Mas tudo mudou após imagens do ataque da terça chocarem o mundo, e criticava Hilary Clinton durante a campanha dizendo que ela incitava a guerra. Mas que agora precisa se fortalecer no meio político como quem não tem medo de enfrentar Putin, e diz ter ficado sensibilizado ao ver crianças como vítimas.
O que se seguiu foi o bombardeio realizado na noite da quinta-feira. Ao falar da ofensiva, Trump chamou Assad de "ditador" por ter lançado um "ataque com armas químicas terríveis contra civis inocentes".
O governo russo condenou o ataque americano, classificando o bombardeio com uma "agressão contra uma nação soberana". O porta-voz do governo, disse que a ofensiva dos EUA "causa um dano significativo às relações entre Washington e Moscou". Segundo ele, o presidente Vladimir Putin vê o ataque como "uma intenção de distrair o mundo pela morte de civis provocadas pela intervenção militar no Iraque".
E assim o mundo está assistindo ao início de um momento de grande tensão entre grandes potências militares, como se estivéssemos em plena Guerra Fria!

Fonte: BBC


A Nova Ordem Mundial

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