Para pensar...

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

terça-feira, 12 de maio de 2020

A Nova Ordem Mundial


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Choque de Civilizações

Choque de civilizações é uma teoria proposta pelo cientista político Samuel Huntington segundo a qual as identidades culturais e religiosas dos povos serão a principal fonte de conflito no mundo pós- Guerra Fria.
Huntington começou a articular suas ideias ao examinar as diversas teorias sobre a natureza da política global no período pós- Guerra Fria. Alguns teóricos e autores argumentavam que os direitos humanos, a democracia liberal e a economia capitalista de livre mercado se haviam tornado a única alternativa ideológica  após o fim da Guerra Fria. 
Huntington acreditava que, embora a era das ideologias houvesse terminado, o mundo havia simplesmente retornado a estado normal caracterizado pelos conflitos culturais. Em sua tese, argumentava que os conflitos no futuro teriam como eixo principal critérios culturais e religiosos. Postula, ainda, que o conceito de diferentes civilizações, como nível maior de identidade cultural, se tornará cada vez mais útil para analisar o potencial de conflitos. No artigo de 1993 na Foreign Affairs, Huntington escreve (tradução livre do inglês):
As Civilizações segundo Huntington
O livro do cientista norte-americano, Samuel P. Huntington lançou outras bases de entendimento da história, política e sociologia. Segundo ele a humanidade poderia ser dividida em nove civilizações:
  • Civilização sínica ou chinesa - Seria civilização baseada principalmente na cultura da China e regiões vizinhas e/ou com culturas semelhantes, como CoreiaVietnã e Tibete.
  • Civilização nipônica ou japonesa - Seria a civilização centrada na região do Japão, e dessa maneira a única civilização com somente um país, visto que este possui cultura autônoma. No entanto, a Coreia do Sul também tem cultura semelhante, embora por questões políticas é considerada sínica. O Japão também possui forte influência da civilização ocidental.
  • Civilização hindu - Seriam os países que tem o hinduísmo como religião predominante, principalmente os que se estendem no rio Indo, como a Índia e o Nepal.
  • Civilização budista - Seria composta pelos países asiáticos na qual o budismo é a religião predominante, como a Mongólia, a Tailândia e o Camboja. O Tibete também pode ser incluído nessa civilização, embora acredita-se que seja sínico por questões políticas.
  • Civilização islâmicamuçulmana ou árabe - Seria a civilização constituída pelos países que têm o Islã como religião predominante, e que por vezes falam a língua árabe. Localiza-se principalmente na península arábica e norte da África (incluindo também outras partes da África próximas).
  • Civilização ocidental - Provavelmente seria a maior das civilizações, consiste nos países na América e na Europa ocidental, e outros países que têm o Cristianismo como religião predominante, devido à influência europeia (como África do SulAustrália e Nova Zelândia).
  • Civilização latino-americana - Seria uma subdivisão da civilização ocidental, constituída pelos países independentes da América Latina que tem uma grande distinção cultural e social e com forte influência indígena e africana.
  • Civilização ortodoxa - Seria a civilização de países que têm como religião predominante a doutrina ortodoxa do Cristianismo, constituída principalmente pela Rússia e pelo Leste Europeu.
  • Civilização subsaariana - Seria uma civilização relativamente grande, formada pelos países africanos localizados ao sul do deserto do Saara, predominantemente cristãos.

Brasil do Arquipelago ao continente - Processo de Integração do Território Brasileiro



G20 (Grupo dos 20)

O Grupo dos 20 (G20), também chamado de G20 Financeiro, foi criado em 1999 em resposta às sucessivas crises financeiras por que passavam algumas potências econômicas, sobretudo na Ásia, no final da década de 90. O objetivo do grupo é fortalecer as negociações internacionais entre os países-membros e proporcionar uma estabilidade econômica global.
O G20 é formado pelas 19 maiores economias do mundo, representadas pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais, mais a União Europeia representada pelo Banco Central Europeu e pela presidência rotativa do Conselho Europeu. 
Fazem parte do G20 os oito países mais ricos e influentes do mundo, e 11 Paíse Emergentes: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia. África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, México e Turquia.
Os países-membros do G20 representam 80% da economia global, abrigam 64% da população mundial e respondem por mais de 90% dos gastos com pesquisa e desenvolvimento no mundo. Além disso, a reunião dos 19 países representa 85% do PIB mundial.

Reuniões de Cúpula

Desde 2008, representantes dos países-membros encontram-se anualmente¹ para a Reunião de Cúpula do G20. Geralmente, os próprios chefes de Estado (presidentes e primeiros-ministros) comparecem às reuniões, mas é comum a presença apenas dos presidentes dos Bancos Centrais ou do Tesouro de cada país.
Em 2019, a 14ª Reunião de Cúpula do G20 aconteceu nos dias 28 e 29 de junho, em Osaka, no Japão. As principais pautas foram a liberdade econômica e o protecionismo econômico aplicado por Estados Unidos e China nos últimos anos, a preocupação com questões relativas ao clima e o Acordo de Paris, além dos conflitos entre alguns países, como Estados Unidos e Irã.
Em 2020, a 15ª Reunião de Cúpula do G20 seria em Riad, na Arábia Saudita, nos dias 21 e 22 de novembro. As próximas serão na Itália (2021), Índia (2022) e Brasil (2023).

BRICS

     

O que é o BRICS?


BRICS é o termo utilizado para a tradição de coordenação política entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Como você já deve ter percebido, o nome é referência as iniciais dos países envolvidos – vale lembrar que o S diz respeito à África do Sul em inglês (South Africa).
Mas atenção: apesar de o BRICS ser um mecanismo oficial de cooperação entre os países integrantes, ele não é considerado um bloco econômico.
Qual a diferença?  Diferentemente de blocos econômicos como a União uropeia e o MERCOSUL, o BRICS não possui um estatuto formal de regras ou uma carta de princípios. E também não possui um secretariado fixo e nem tem fundo próprio para financiar qualquer uma das suas atividades.
Segundo os países integrantes, a intenção do grupo é manter uma aliança que ajude a alavancar a influência geopolítica destes países no mundo.

A origem do grupo]

termo BRIC surgiu pela primeira vez em 2001, em um artigo publicado pelo economista do Goldman Sachs – Jim O’Neil – que defendeu a ideia de que Brasil, Rússia, Índia e China seriam as economias do futuro.
Por que economias do futuro? Sobretudo por conta do acelerado crescimento econômico que estavam experimentando na época, e por suas grandes populações, que com crescente poder aquisitivo, dinamizavam os respectivos mercados internos.
Assim, em 2006, os chanceleres dos quatro países deram início aos diálogos com uma reunião informal à margem da Assembleia Geral das Nações Unidos.
E como essa reunião informal evoluiu para a cooperação de fato?

Evolução para o BRICS

Bom, em 2009 – na Rússia – pela primeira vez os chefes de Estado de Brasil, Rússia, Índia e China se reuniram e realizaram a chamada Primeira Reunião de Cúpula dos BRIC.
Desde então, essas reuniões são realizadas anualmente e são sediadas em algum dos países integrantes. Além deste formato de Cúpula, acontecem também todos os anos reuniões informais dos membros à margem dos encontros do G20.
Entre 2009 e 2018, já ocorreram 10 reuniões de Cúpula. 
Como você deve ter percebido, a África do Sul não participou da Primeira Reunião de Cúpula. Isso porque o país passou a ser membro do grupo somente em 2010. Consequentemente, a partir de então, o nome oficial passaria a ser BRICS.
Como menciona o Itamaraty, ao longo da sua primeira década, o BRICS desenvolveu cooperação setorial em diferentes áreas como: ciência e tecnologia, promoção comercial, energia, saúde, educação, inovação e combate a crimes transnacionais. Hoje, a cooperação já abrange mais de 30 setores.
Portanto, houve uma considerável evolução e não se trata mais apenas de um acrônimo, mas de um relevante ator internacional.

Qual o escopo da agenda?

De forma geral, o BRICS possui uma agenda interna e uma agenda externa.
Na agenda interna, os países buscam estreitar a cooperação e os negócios entre si, criando elementos que preservem seu crescimento econômico e desenvolvimento social.
Na agenda externa, buscam se posicionar a respeito de diferentes temas, como meio ambientepobrezacomércio, e segurança.
Mas, quais foram as principais iniciativas até o momento?

Principais resultados da cooperação

Os resultados dos anos de cooperação entre os cinco países pode ser visto principalmente nasseguintes áreas:

1. Econômica-Financeira

Destaca-se nessa área, a criação do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics (NDB) – ideia proposta na Cúpula de Fortaleza em 2014. O objetivo do Banco é mobilizar recursos para o investimento em infraestrutura e desenvolvimento sustentável, tanto dos países membros quanto de outros países emergentes.
De tal forma, a ideia pode ser vista como uma proposta de fornecer uma alternativa para os países emergentes ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional. Historicamente, as condições impostas por essas organizações internacionais financeiras são fortemente criticadas pelos países em desenvolvimento.

2. Saúde

Essa área de cooperação tem atuado principalmente na identificação de problemas de saúde comum aos países BRICS. Na prática, significa esforços de pesquisa como no caso da Rede de Pesquisa em Tuberculose e a coordenação de esforços em acordos de Saúde Pública nas organizações multilaterais.

3. Ciência, Tecnologia e inovação

Trata-se principalmente do fomento da pesquisa para o desenvolvimento de bens de alto valor tecnológico agregado. Como também no intercâmbio de conhecimento entre os países.

4. Segurança

Nessa questão, os diálogos sobre segurança visam aprofundar questões sobre segurança internacional e manifestar medidas a crimes transnacionais como trafico de drogas, ataques cibernéticos, lavagem de dinheiro, entre outros.

5. Empresarial

Foi estabelecido em 2013, na Cúpula de Durban,  o Conselho Empresarial do BRICS (CEBRICS). São nove grupos de trabalho nas áreas de infraestrutura, agronegócio, energia, manufatura, finanças, aviação regional e desenvolvimento de capacidades.

As dificuldades

Apesar dos cinco países convergirem em diversos temas, nem sempre há consenso entre as partes.
No campo político, os desafios bilaterais entre China e Índia por disputas territoriais históricas são um dos pontos de tensão no grupo. Além disso, o atual posicionamento do Presidente Bolsonaro em torno da  crise na Venezuela está também sendo fonte de divergências com a Rússia.
No campo econômico, a situação vista é de um desequilíbrio entre os desempenhos nacionais dos cinco países nos últimos anos. Enquanto a Índia continua a crescer, e a China ainda mantem uma taxa de crescimento maior que a média mundial. Brasil e Rússia não acompanham os desempenhos econômicos positivos.
Além disso, em termos globais, especialistas sugerem que o principal desafio do grupo é reduzir barreiras econômicas e tentar aumentar o comércio internacional. Isso porque ainda é necessário fortalecer a posição do BRICS no sistema econômico internacional.

O que esperar do futuro?

A participação dos cincos países na economia mundial continua a crescer. Segundo o IPEA, entre 2010 e 2017, os BRICS -Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – saltaram de 7,7% para 18% na soma das exportações mundiais.
Assim, com mais de 30 áreas setoriais de cooperação, o esperado agora é que o grupo avance nas relações multilaterais com outros países e organizações. Para tanto, espera-se uma agenda coordenada para atentar aos temas de desigualdade entre naçõesreforma de cotas e governança do FMI, e da reformulação da Organização Mundial do Comércio.
Em relação ao Brasil? O Presidente Bolsonaro, ao abrir a reunião informal do BRICS no Japão(2019), declarou que seu governo trabalhará ativamente para fortalecer a cooperação entre o BRICS.
Além disso, já foi anunciado que o Brasil receberá US$ 621 milhões do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS. O motivo? Foram aprovados quatro projetos brasileiros nas áreas de energia renovável, construção de estradas e reconstrução de ferrovias, telecomunicações e saneamento.
E existe a possibilidade de uma ampliação do bloco? De certa forma, sim! Desde 2015, a Rússia e a China já pediram pela ampliação do bloco – o chamado formato “BRICS+”. Entretanto, nada de concreto avançou sobre o tema ainda.

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