A Coreia do Norte anunciou
nesta segunda-feira (8) vai retirar 53 mil norte-coreanos que trabalham no polo
industrial coreano de Kaesong, em meio a tensões na península, enquanto Seul
retificou as declarações sobre a iminência de um novo teste nuclear.
"Vamos retirar todos os nossos funcionário da
zona", declarou Kim Yang Gon, alto funcionário do Partido Comunista.
"Pyongyang suspenderá temporariamente as
operações na região e estudará o tema para saber se deve permitir sua
existência ou fechá-lo", disse Gon.
O complexo industrial fica na Coreia do Norte, a 10
10 km da fronteira.
"A maneira como a situação evoluirá nos
próximos dias dependerá em sua totalidade da atitude das autoridades
sul-coreanas", completou Kim Yang Gon, que visitou o local nesta
segunda-feira.
A Coreia do Sul considerou a decisão
"injustificável".
"A decisão unilateral da Coreia do Norte de
seguir adiante com esta medida não pode ser justificada de nenhuma maneira. A
Coreia do Norte será considerada responsável pelas consequências", afirma
um comunicado do ministério da Unificação sul-coreano.
Desde quarta-feira, o Norte proíbe o acesso a
Kaesong dos trabalhadores sul-coreanos e dos caminhões de abastecimento. Até o
momento, 13 das 123 empresas sul-coreanas presentes no polo interromperam a
produção por falta de matérias-primas.
Mais de 300 profissionais sul-coreanos deixaram o
complexo desde a semana passada, mas quase 500 decidiram permanecer para
garantir o bom funcionamento das atividades.
O complexo de Kaesong, importante fonte de divisas
estrangeiras para a Coreia do Norte, sempre permaneceu aberto, apesar das
crises repetidas na península, com exceção de apenas um dia, em 2009. Na
ocasião, Pyongyang bloqueou o acesso para protestar contra as manobras
militares conjuntas entre Estados Unidos e Coreia do Sul.
Testes
Em Seul, o governo retificou as declarações
alarmistas que citavam a iminência de um quarto teste nuclear pelo Norte, menos
de dois meses depois do teste de fevereiro.
"Há atividades, mas parecem ser atividades de
rotina nas instalações de Punggye-ri, onde acontecem este tipo de teste",
afirmou o porta-voz do ministério da Defesa, Kim Min-Seok.
O ministério da Unificação afirmou que outro teste
não parece ser "iminente".
O ministro da Unificação, Ryoo Kihl-jae, havia
declarado a uma comissão parlamentar quePyongyang parecia
preparar para os próximos dias um lançamento de teste de míssil balístico,
assim como um quarto teste nuclear.
A Coreia do Norte, furiosa com as novas sanções
aprovadas pela ONU depois do teste nuclear de fevereiro e com as
manobras militares conjuntas de Washington e Seul, multiplicou nas últimas
semanas as declarações belicistas.
Para tranquilizar a situação e deixar que a
responsabilidade por uma escalada fique apenas com a Coreia Norte, Washington
anunciou no sábado o adiamento do teste do Minuteman 3, um míssil balístico
intercontinental com capacidade nuclear que seria lançado esta semana da base
aérea de Vandenberg, na Califórnia.
O gesto foi saudado pelo presidente russoVladimir Putin, que advertiu para as
consequências de um conflito nuclear com a Coreia do Norte.
"A catástrofe de Chernobyl seria um conto
infantil se comparado ao conflito", declarou durante uma visita a
Alemanha.
Pequim, aliado da Coreia do Norte, que
também votou pelas sanções contra o regime norte-coreano, manifestou
inquietação com a escalada na península coreana.
"Ninguém deveria estar autorizado a precipitar
uma região no caos, ou o mundo inteiro, por egoísmo", declarou no domingo
o presidente chinês Xi Jinping, sem citar países.
A Coreia do Norte transportou na semana passada
dois mísseis Musudan para sua costa leste e os instalou em veículos equipados
com dispositivos de lançamento.
O míssil norte-coreano Musudan tem alcance de 3.000
km, ou seja, é capaz de atingir o Japão. Com uma carga leve, poderia viajar
4.000 km e, em tese, atingir Guam, uma ilha do Pacífico situada a 3.380 km da
Coreia do Norte onde estão 6.000 soldados americanos.
Kim Jang-Soo, conselheiro para Segurança Nacional
da presidente sul-coreana Park Geun-Hye, disse que um teste de lançamento ou
outra provocação podem acontecer antes ou depois de 10 de abril, data a partir
da qual o regime comunista afirma não poder garantir a segurança das missões
diplomáticas.
De acordo com o jornal New York Times, Estados Unidos e Coreia do
Sul elaboram planos para responder de medida coordenada as ações da Coreia do
Norte, mas com o objetivo de evitar uma escalada para uma guerra aberta.
Em Haia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
pediu Coreia do Norte que não faça novas provocações.
"A República Popular Democrática da Coreia não
pode continuar assim, enfrentando e desafiando a autoridade do Conselho de
Segurança e a comunidade internacional", disse.