Quem era Qassem Soleimani?
O major-general liderava desde 1998 a Força Al Quds, unidade especial da
Guarda Revolucionária, e era apontado como o cérebro por trás da estratégia
militar e geopolítica do país, pois comandava a atuação iraniana em outros países, e a sua morte foi
ordenada pelo presidente Donald Trump
nesta quinta (02/01/2020), após uma semana de ações ofensivas entre EUA e Irã.
Mas a instabilidade entre Irã e EUA não é recente, pois a potência
norte-americana havia apoiado o Iraque nos anos 80 quando esse país esteve em
guerra contra o Irã. Porém recentemente uma série de fatos culminaram em uma situação grave de geopolítica mundial.
Veja a
seguir esses acontecimentos:
Sexta-feira,
27 de dezembro: Uma
base militar de aliados dos EUA no Iraque foi atacada com mais de 30 mísseis.
Um americano que não era do exército, mas que prestava serviços para as forças
armadas, foi morto. Os EUA apontaram como culpada uma milícia chamada Kataib
Hezbollah, apoiada pelo Irã.
Domingo,
29 de dezembro: Os americanos realizaram ataques em
resposta e mataram 24 pessoas em bases de milícias no
Iraque e na Síria. Essas milícias iraquianas apoiadas pelo Irã são uma força
importante: elas têm um grande número de representantes no Parlamento do
Iraque. Elas atuam no Iraque, mas são financiadas e orientadas pelo Irã. Quando
os EUA impõem sanções aos iranianos, essas organizações reagem com ataques no
Iraque, onde há presença de americanos.
Terça-feira,
31 de dezembro: Membros dessas milícias invadiram
o perímetro da embaixada dos EUA em Bagdá, a capital do
Iraque. Na ocasião, Trump acusou os iranianos de estarem por trás dos
protestos. A embaixada ficou sitiada por pouco mais de 24 horas. Os líderes das
milícias pediram para que ela fosse liberada na quinta-feira (2),
e a ordem
foi imediatamente cumprida.
Quinta-feira,
2 de janeiro: Os EUA executaram o ataque por drones pela noite no aeroporto de
Bagdá, no Iraque, que matou Soleimani.
Os dois países têm uma relação de confronto há décadas, e os
desentendimentos e confrontos indiretos aumentaram desde que Trump assumiu o
governo. Em 2015, quando o presidente dos EUA era Barack Obama, o país islâmico
fechou uma convenção com Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia
e China, na qual o Irã aceitou limitar o enriquecimento de urânio e ser
supervisionado por inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU), em troca
do fim de sanções econômicas. Trump venceu as eleições em 2016, e uma de suas
promessas de campanha era justamente acabar com esse tratado, sob a
justificativa de que dois temas não estavam contemplados: o fim de seu programa
de mísseis e o envolvimento em conflitos no Oriente Médio –coordenados
justamente por Soleimani.
Em maio de 2018, Trump tirou os Estados Unidos formalmente do acordo e,
desde então, tem ameaçado países que importam petróleo iraniano, desde então o Irã
vem descumprindo os compromissos que havia pactuado no acordo nuclear.
Em junho de 2019, incidentes (citados anteriormente) levaram os dois
países à iminência de um conflito armado. Trump chegou até a ordenar
bombardeios, mas recuou em cima da hora.
Aquele
conflitou se iniciou quando dois navios petroleiros que navegavam perto do Irã
foram atacados. Os EUA apontaram os iranianos como responsáveis. O Irã negou. Cerca
de uma semana depois, o Irã revelou que derrubou um drone americano em seu
território –os iranianos afirmam que a aeronave não tripulada sobrevoava perto
de seu litoral. Os EUA contestam essa versão iraniana: disseram que o drone
estava sobre águas internacionais. Trump, então, resolveu retaliar e ordenou um
ataque a alvos em terra no Irã, mas cancelou a iniciativa. Na ocasião, os
iranianos afirmaram que um conflito iria se espalhar pelo Oriente Médio e seria
incontrolável.
Em setembro de 2019, mísseis atingiram
instalações de um complexo de óleo e gás na Arábia
Saudita que pertencem à Aramco, uma empresa estatal. A ação provocou incêndios
de grandes proporções e derrubou pela metade produção de petróleo e gás na
Arábia Saudita. Os americanos afirmaram que os iranianos estavam por trás, e o
Irã, novamente, disse que não eram os autores.
Os EUA afirmaram, por sua vez, que a ofensiva de domingo fora uma
resposta a um ataque de míssil contra uma base militar no Iraque que matou um
civil americano na sexta-feira passada. O fato é que o assassinato do general
representa uma escalada drástica nas tensões entre Washington e Teerã. O líder
supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, já afirmou e avisou a ONU que "uma
vingança severa aguarda os criminosos" por trás do ataque. Ele também
anunciou três dias de luto nacional.
Vale lembrar que qualquer país para realização de uma ação militar em outro território necessitaria de aprovação unanime do Conselho de
Segurança da ONU (EUA, Reino Unido, França, China e Rússia), porém os EUA estão
acostumados com a posição de “polícia do mundo”, já realizaram ofensivas sem esse consentimento
oficial, e que o Irã é considerado “país-Hostil” pelos EUA há muito tempo.
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