Para pensar...

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A nova era do petróleo

ATUALIZAÇÃO – Como antecipado, houve apenas um consórcio participante do “leilão”. Obviamente, venceram com a oferta mínima. Integram o grupo de empresas que vão explorar o campo de Libra a própria Petrobras, a norte-americana Shell, a francesa Total e as chinesas CNPC e CNOOC.
Inicia-se o primeiro leilão para exploração do petróleo formado na camada pré-sal. A área destinada situa-se no campo de Libra, a maior reserva do óleo em águas profundas do mundo.
O contrato oferecido pelo Governo para as empresas interessadas inaugura uma nova forma de exploração do mineral, a chamada “gestão compartilhada”: segundo esse modelo, a Petrobras será operadora exclusiva do campo, terá participação obrigatória de 30% do petróleo produzido e será criada uma agência reguladora para acompanhar a execução do projeto, chamada PPSA. Além disso, será considerada vencedora do leilão a licitante que oferecer a maior parcela de lucro pela extração do óleo, descontados os tributos e os royalties, para a União. Segundo o edital, a oferta mínima é de 41,65%. Mais ainda, a vencedora deverá pagar um bônus de R$ 15 bilhões para o Governo brasileiro.
Tudo isso, segundo os liberais, deixa o negócio pouquíssimo atrativo para as empresas privadas. Além dos altos valores e participação obrigatória da estatal brasileira, há o risco do projeto naufragar: ainda não se sabe exatamente qual o custo da extração do petróleo de camadas tão profundas do oceano. Esse grupo parece ter razão ao notarmos que as gigantes mundiais do petróleo, como a britânica BP e a americana ExxonMobil, preferiram não participar da disputa. O Governo esperava cerca de 40 empresas habilitadas. Apareceram apenas 11, das quais 06 são estatais de outros países, principalmente da China. Alguns analistas indicam que os chineses têm grandes chances de vencer o leilão, porque não estariam preocupados com o lucro, mas sim com o acesso a reservas de petróleo.
Há, ainda, um outro dado: até poucas horas antes da abertura dos lances, negociações entre os concorrentes indicavam que seria formado um único consórcio para apresentar oferta, o que faria ruir a expectativa de concorrência na licitação. Consequência imediata: a parcela de participação da União ficaria no mínimo estipulado, 41,65%.
Dessa vez, não são só os liberais que preveem um certo fiasco. Membros da esquerda e os trabalhadores da indústria do petróleo há tempos se manifestam contra a decisão da Presidência de privatizar a riqueza pátria. Considerando as recentes denúncias de espionagem do governo americano, acreditam que estaríamos vendendo nosso petróleo aos interesses estrangeiros e abrindo mão de grande parte da soberania nacional. A área ao redor do hotel onde ocorrerá o certame conta com forte esquema de segurança integrado pela Polícia Militar, Força Nacional de Segurança, Exércio e Agência Brasileira de Inteligência. Em tempos de manifestações populares, a tensão é inafastável.
É interessante notar, de uma forma ou de outra, que não importa o alinhamento político deste ou daquele governante quando confrontados com a necessidade de promover investimentos e obter lucro com as empresas estatais. Quem sempre foi contra a privatização acaba cedendo e oferece, ao invés da empresa em si, o próprio objeto a ser explorado. Reconhece-se, assim, que algumas coisas estão além das forças do Estado e cabe ao capital suplementá-las.
O Governo nega, por sua vez, que seja uma privatização (afinal, tenta manter a coerência com todas as críticas que promoveu no passado). Afirma que o modelo de gestão compartilhada manterá altíssimos níveis de retorno financeiro ao país e justifica a decisão diante da incerteza da quantidade explorável do petróleo pré-sal - cenário que não permitiria o empenho exclusivo da Petrobras no processo. Ao mercado, contudo, divulga que o potencial do campo de Libra é “inimaginável” e conclama as empresas privadas a participarem dos leilões diante das expectativas de lucro no longo prazo.




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A Nova Ordem Mundial

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