Para pensar...

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Oriente Médio - Principais Conflitos

1. Israel

Desde a sua criação, Israel enfrentou agressões de seus vizinhos. Eram muitos os desafios. O deserto inclemente foi domado. Outrora só havia agricultura no litoral, uma atividade tradicional e pouco rentável. Israel estabeleceu comunidades irrigadas no deserto. A água, tirou do mar e dessalinizou-a. O auxílio da comunidade judaica internacional foi fundamental ao país que nascia em meio a uma série de conflitos.

Em 1948 e 1949, os confrontos foram de afirmação do espaço nacional contra os árabes oponentes à existência do Estado judeu — a Guerra de Independência.

Em 1956, ocorreu a Guerra do Suez contra o Egito do pan-arabismo de Gama Nasser, que se aproximara da ex-URSS. Nesse conflito, Israel contou com o apoio das potências ocidentais.

Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel, sob a alegação de estar se antecipando a um ataque de forças árabes unidas em três frentes — norte, sul e leste —, ocupou terras da Síria (Colinas de Golã), do Egito (a Faixa de Gaza e a Península do Sinai) e da Jordânia (a Cisjordânia). Foi uma ofensiva que demonstrou o brilhantismo da inteligência militar israelense e, até certo ponto, a superioridade tática de suas Forças Armadas.

Em 1973, aproveitando-se do feriado judaico do Dia do Perdão, os árabes, derrotados em 1967, desfecharam um ataque contra Israel, a Guerra do Yom Kipur. Israel conseguiu, após duas semanas de combate, debelar o ataque árabe com o apoio do Ocidente, particularmente dos Estados Unidos. As nações árabes, no entanto, entenderam que o apoio ocidental a Israel contrariou seus interesses e comprometeu a soberania dessas regiões. Assim, os países do Golfo Pérsico, que não estavam envolvidos no conflito diretamente, decidiram boicotar as exportações de petróleo ao Ocidente e aumentaram os preços do barril de petróleo, dando início à primeira crise do petróleo.

A crise israelo-palestina


Em 1987, teve início, nos territórios ocupados da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, um movimento popular palestino denominado Intifada — a “guerra das pedras” — contra a ocupação israelense desses territórios, que já se estendia desde a Guerra dos Seis Dias, de 1967.

A Intifada constituiu-se de uma ação popular que logo foi capitalizada pela OLP — Organização para a Libertação da Palestina, criada em 1964. A pressão popular palestina, somada ao reposicionamento de interesses dos Estados Unidos na região, tendo o governo de Tel Aviv como seu principal aliado regional, levou Israel a negociar o território pela paz. Os acordos de paz da década de 1990 significaram uma nova fase nas relações entre Israel e os palestinos, agora representados pela ANP — Autoridade Nacional Palestina. Estabeleceram o reconhecimento mútuo e um cronograma de transferência de terras aos palestinos.

No entanto, esse cronograma condicionava-se a pontos de discussão até hoje controversos:

– o status de Jerusalém;

– o controle dos mananciais hídricos;

– o combate ao terrorismo;

– a questão dos refugiados palestinos;

– a remoção das colônias de judeus dos territórios ocupados.

Esses pontos polêmicos levaram a um impasse que fez com que grupos extremistas voltassem às práticas terroristas.

Israel ainda desocupou o sul do Líbano, que havia ocupado em 1982, e mantinha desde essa época uma zona de segurança no sul do país, controlada pelo exército libanês do sul do Líbano, seu aliado. A retirada israelense soou como uma vitória do Hezbollah, que nunca havia negociado com Israel. O “exemplo libanês” recrudesceu as relações entre Israel e extremistas palestinos do Hamas e do Jihad.

Em 2000, teve início a II Intifada Al Aqsa. Se a I Intifada consistiu na ação popular contra a ocupação militar israelense nos territórios ocupados, a II Intifada ampliou seu raio de ação. Agora, todos os judeus, e interesses israelenses, civis e militares tornaram-se potenciais alvos da ação de terroristas.

A II Intifada fez explodir um confronto aberto entre o Estado de Israel, a ANP e grupos terroristas. Israel retomou territórios cedidos aos palestinos. A ANP foi acusada de estar impotente diante desses grupos. A oposição a Yasser Arafat (1929-2004) dentro da ANP cresceu; Israel, sob o governo de Ariel Sharon entre 7 de março de 2001 e 2006, e os Estados Unidos não consideraram o líder palestino uma autoridade à altura dos graves problemas que mergulharam a região na mais intensa onda de violência desde o início da Intifada.

Em 2003, houve várias tentativas de acordos de paz, como o Mapa da Estrada e o Acordo de Genebra. Apesar disso, a construção de um muro isolando o norte da Cisjordânia tem sido motivo de forte tensão entre Israel e os palestinos.

No decorrer de 2004, fatos importantes ocorreram em relação à questão palestina. Israel, cansado de ser atingido por ataques terroristas suicidas, movidos por grupos palestinos como o Hamas, deu continuidade à construção de um muro de cerca de 8 metros de altura, que se estenderá ao longo da fronteira da Cisjordânia por 635 km. No trecho já construído, o muro parece ter surtido efeito, pois caiu radicalmente o número de atentados nas cidades israelenses. Por outro lado, sua construção provocou protestos, tanto da comunidade palestina quanto da internacional. Os palestinos contestam o isolamento que lhes foi imposto, pois muitos trabalhadores palestinos labutavam em Israel e ficaram sem acesso ao trabalho.

Os palestinos reclamam também que vários mananciais estão do lado israelense do muro. A ONU — Organização das Nações Unidas — condenou e mandou parar a construção desse muro, mas Israel não havia atendido à solicitação até fins de 2004.

Outro fato marcante, decorrido em fins de 2004, foi a morte do líder palestino Yasser Arafat. Ele era presidente da autoridade palestina e, nos últimos anos, vivia isolado pelo exército israelense num bunker de uma cidade na Cisjordânia. Diante do agravamento de sua doença, as autoridades israelenses permitiram que se tratasse na França, porém ele não resistiu e faleceu. Em razão do seu radicalismo, os israelenses achavam impossível estabelecer um diálogo. Com seu falecimento, acredita-se que o novo líder palestino desde janeiro de 2005 — Mahmoud Abbas — tenha maiores possibilidades de diálogo com as autoridades israelenses. Em 2005, a Faixa de Gaza é devolvida aos palestinos e passa a ser controlada pelo grupo Hamas. No início de 2009, Gaza vive forte tensão com a violência entre Israel e o grupo Hamas. Em 2009, Israel continuou a instalar assentamentos na Cisjordânia.

2. Questão Libanesa

O Líbano tornou-se independente da França em 1948 e estabeleceu uma forma de governo dividindo o poder entre os libaneses cristãos (que elegiam o presidente da República) e os muçulmanos (que elegiam o primeiro-ministro). A partir de 1967, esse jogo de forças se desequilibra em favor dos muçulmanos, com a chegada de palestinos fugidos dos territórios invadidos por Israel. Mais numerosos, os muçulmanos atacam os cristãos, que pedem ajuda israelense. Tem início a Guerra Civil do Líbano, que se estende de 1975 a 1991. A guerra termina com a intervenção da Síria, que invade o Líbano e expulsa os grupos radicais, forçando a assinatura de um acordo de paz. Tropas sírias retiraram-se do território libanês em 2005, a exemplo dos israelenses que iniciaram sua retirada em 2000.

Em julho de 2006, Israel iniciou uma ofensiva militar contra o Hezbollah, no sul do Líbano. O Hezbollah — o “Partido de Deus” — surgiu durante a invasão do Líbano por Israel, em 1982. Na época, o Líbano arrastava-se numa guerra civil entre as comunidades cristãs e muçulmanas.

O governo cristão do Líbano concordou com uma ação israelense em seu território. Os israelenses tinham o objetivo de neutralizar a ação de grupos que frequentemente promoviam atentados na região norte do país. Esses terroristas refugiaram-se em território libanês.

Nessa invasão, Israel avançou até a capital do Líbano (Beirute) e expulsou do país a OLP — Organização para a Libertação da Palestina — e seu líder, na época Yasser Arafat.

A retirada israelense não foi completa. As tropas israelenses permaneceram na porção sul do Líbano, a denominada Zona de Segurança, que só em 2000, durante o breve governo de Ehud Barak, foi liberada definitivamente.

Desde essa época, o Hezbollah vem intensificando ações contra o norte de Israel. O governo libanês, incapaz de controlar a situação, pois seu exército é mais frágil que os milicianos do Hezbollah, pouco ou nada pode fazer para pôr fim a essa situação.

Em razão da incapacidade do governo libanês de coibir o Hezbollah e a escalada de atentados, Israel invadiu o país, impôs-lhe um bloqueio aeronaval e bombardeou, durante semanas, o Líbano, sobretudo o sul do país, onde se concentram as forças do Hezbollah.

A retirada israelense, sob a condição de que forças internacionais ocupassem o sul do Líbano, não colocou um fim às hostilidades. Tanto Israel ameaça voltar se os ataques do Hezbollah não cessarem, como o Hezbollah ameaça vingança e anuncia a intensificação das ações contra o que julga ser o Estado sionista.

3.A Guerra Irã x Iraque

Em 1979, a Revolução Islâmica no Irã depôs o governo despótico do xá Mohamed Reza Pahlevi, colocando no poder um grupo de extremistas religiosos dispostos a administrar o país segundo os preceitos do Corão, liderados pelo aiatolá Ruholá Khomeini. Líder carismático, Khomeini fez uma série de reformas econômicas e sociais no Irã.

No ano seguinte, respondendo à agressão do exército iraquiano e sob a bandeira da guerra santa, muçulmanos fundamentalistas do Irã (xiitas) iniciaram um confronto com os muçulmanos sunitas do Iraque.

Acreditava-se, no início, que a guerra duraria apenas alguns meses, mas se estendeu por mais de oito anos, destruindo, nesse período, grande parte das áreas produtoras de petróleo de ambos os países e ceifando a vida de mais de 1 milhão de pessoas, tanto militares como civis — inclusive crianças, em razão do fanatismo religioso do aiatolá.

Em setembro de 1988, Iraque e Irã assinaram um cessar-fogo e deram início a conversações de paz, resolvendo temporariamente a disputa pelo estuário situado na foz dos Rios Tigre e Eufrates, o Chat el Arab. Mas as ambições imperialistas do Iraque pela região, particularmente de Saddam Hussein, não deixavam de existir.

A primeira Guerra do Golfo

Em agosto de 1990, tropas iraquianas invadiram o Kuwait sob o pretexto de que seu pequeno e frágil vizinho explorara petróleo de campos situados numa zona neutra estabelecida em suas fronteiras.

Seguiram-se à invasão o bloqueio naval e o embargo econômico imposto pelos EUA, com o aval da ONU ao Iraque.

A intransigência do dirigente iraquiano, somada à postura hostil dos americanos, transformou um aparente conflito local em questão de relevância mundial, pois, entre outras coisas, o preço do barril de petróleo aumentou assustadoramente.

Em novembro, após três meses de atrocidades iraquianas no Kuwait, a ONU aprovou o uso de força, dando um prazo até 15 de janeiro de 1991 para que Hussein libertasse os reféns estrangeiros e desocupasse o Kuwait.

A Primeira Guerra do Golfo durou de 16/1/1991 a 27/2/1991 e trouxe muitas consequências, principalmente danos ecológicos.

A derrota da guerra estimulou no Iraque a rebelião dos dois principais grupos de oposição ao regime de Saddam Hussein: os xiitas (sul) e os curdos (norte), que lutam pela independência de seu território.

Em agosto de 1992, o Iraque ficou dividido da seguinte forma:

– acima do paralelo 36°, é proibida a ação do governo de Bagdá, pois a área dos curdos é mantida pelos EUA e aliados;

– abaixo do paralelo 32°, encontra-se uma zona de exclusão aérea controlada pelos EUA, Reino Unido e França, para impedir a ofensiva militar do Iraque contra a população xiita do sul.

Em janeiro de 1993, o Iraque provocou violações nessa zona de exclusão, gerando novos conflitos.

Em 1996, o Iraque tornou a invadir o norte, violando a zona de exclusão e ocupando a capital do Curdistão iraquiano, Arbil, o que provocou rápida reação dos EUA.

Em 2002, o ex-presidente Bush, sob a alegação de que o Iraque desenvolvia armas de destruição maciça, mobilizou forças a fim de legitimar uma ação contra o governo de Saddam Hussein (1937-2006), o que ocorreu em março de 2003.

5. A Guerra do Iraque (Segunda Guerra do Golfo)

No primeiro semestre de 2003, a coalizão anglo-americana invadiu o Iraque, depois de meses de preparação e ameaças. A ONU bem que tentou evitar tal fato. O Conselho de Segurança alertou os norte-americanos para os desdobramentos de um conflito na região.

Alemanha, França, China e Rússia posicionaram-se contra a ação anglo-americana no Iraque. Mas, sob a alegação de que Bagdá, comandada por Saddam Hussein, desenvolvia armas de destruição maciça, o ataque foi ordenado e a guerra de palavras transformou-se numa ação militar.

A superioridade da coalizão anglo-americana era visível desde o início do confronto. O frágil e despreparado exército iraquiano sucumbiu às forças estrangeiras logo na primeira semana. Saddam Hussein foi deposto e desapareceu, sendo dois de seus filhos mortos. Estátuas suas foram destruídas; seus palácios, tomados. Armas de destruição em massa não foram encontradas.

Foi estabelecido um governo provisório, um exército novo. Mas a resistência, comandada por Saddam Hussein, continuou fazendo vítimas.

O alto-comissário das Nações Unidas para o Iraque, o brasileiro Sérgio Vieira de Melo, e mais dezenas de funcionários da ONU foram mortos num atentado em agosto de 2003.

Até agora nada de armas de destruição maciça, nada de paz.

No decorrer de 2004, os EUA empossaram um governo provisório iraquiano, passando parte de sua autoridade policial-militar para ele. Isso, entretanto, não parece ter sensibilizado os diversos grupos radicais iraquianos — de inspiração religiosa (xiitas ou sunitas) ou nacionalistas — que promoveram inúmeros atentados, invadindo cidades e forçando a atuação do exército norte-americano.

Multiplicaram-se também os sequestros de soldados, médicos, voluntários, alguns deles terminando com a morte dos sequestrados. Dessa maneira, aumentou o grau de violência no país.

Os norte-americanos, que lideram a força internacional que invadiu o Iraque em 2003, anunciaram um plano de retirada do país, condicionado a um controle efetivo do território iraquiano por suas forças de segurança.

Se essa é a condição, a retirada da força internacional deverá ser demorada, pois os atentados contra alvos estrangeiros e, principalmente, contra os elementos das forças de segurança do país estão em escala crescente.

Após a invasão anglo-americana do Iraque e o sucesso na derrubada do ex-ditador Saddam Hussein, seguida do desmantelamento de suas forças e dos organismos de repressão, o país mergulhou numa guerra civil.

Os atentados entre xiitas e sunitas causaram aumento da violência no Iraque nos últimos anos.

A presença de forças internacionais, paradoxalmente, assegura um mínimo de segurança, mas, ao mesmo tempo, é o principal fator de oposição e de conflitos no país.

6. A guerra do Afeganistão

Em 2002, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, visando tirar do poder uma milícia fundamentalista sunita — o Taleban —, sob a liderança do mulah Omar, simpatizante de Osama Bin Laden, a quem se suspeita ter dado cobertura após os atentados de 11 de setembro de 2001, que destruíram as torres do World Trade Center, em Nova Iorque, e parcialmente o edifício do Pentágono, em Washington.

O mulah Omar e Bin Laden jamais foram encontrados, apesar da promessa do ex-presidente George W. Bush de capturá-los a todo custo. Suspeita-se que vivam na fronteira afegano-paquistanesa, numa região de difícil acesso, de onde ainda comandam atentados antinorte-americanos em território afegão e lançam ameaças contra o Ocidente, especialmente contra os Estados Unidos.

A invasão norte-americana do Afeganistão, após os atentados em 11 de setembro de 2001, foi decisiva para a derrubada do Taleban e do regime autoritário liderado pelo mulah Omar, aliado de Osama Bin Laden. No entanto, a despeito de o país ter passado por um processo de democratização formal, com um novo governo e a restauração das liberdades individuais, o Afeganistão está longe da estabilidade política.

Diversos grupos ainda lutam pelo poder. Atentados são frequentes, assim como as arbitrariedades da força internacional que ocupa o país.

Em 2006, o Afeganistão não é mais governado pelo Taleban, mas este ainda assombra o país. Nem o mulah Omar nem Osama Bin Laden foram capturados. Cresce a cada dia a insatisfação da complexa população do país diante dos ocidentais com os quais teve de aprender a conviver.

O Taleban com força, em 2006, no sul do Afeganistão, onde é combatido por forças militares da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Em 2009, o Taleban luta no Paquistão na região do SWAT.


Fonte: Portal Objetivo/ adaptado Profª Chris

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